ALVES. Rubem. Conversas com quem gosta de ensinar. Campinas SP. Papirus, 2000.

Rubem Alves, nasceu no dia 15 de setembro de 1933, em Boa Esperança, sul de Minas Gerais. Bacharel (Seminário Presbiteriano de Campinas/SP - 1957) e mestre em Teologia (Union Theological Seminary/NY - 1964), doutor em Filosofia (Princeton Theological Seminary/EUA - 1964), psicanalista, membro da Academia Campinense de Letras, professor-emérito da Unicamp e cidadão-honorário de Campinas, além de professor convidado em várias universidades do mundo. Após a aposentadoria, dedicou-se também à cozinha e a cursos sobre cinema, pintura e literatura em seu próprio restaurante na cidade de Campinas. É um dos maiores educadores da história do país. Poeta e escritor, ele mesmo é tema de diversas Teses, Dissertações e monografias. Suas publicações são oriundas por mais de 50 títulos, destinados a adultos e crianças, com traduções para várias línguas, como o inglês, italiano, espanhol, francês, alemão e até romeno. Na literatura e a poesia encontrou a alegria que o manteve vivo nas horas más por que passou. Tornou-se autor de inúmeros livros, além de colaborador em diversos jornais e revistas com crônicas de grande sucesso, em especial entre os vestibulandos. Suas principais obras são: Sobre o tempo e a eterna idade, Conversas com quem gosta de ensinar e Estórias de quem gosta de ensinar.
Afirma que é “psicanalista, embora heterodoxo”, pois nela reside o fato de que acredita que no mais profundo do inconsciente mora a beleza.

Após se aposentar tornou-se proprietário de um restaurante na cidade de Campinas, onde deu vazão a seu amor pela cozinha. No local eram também ministrados cursos sobre cinema, pintura e literatura, além de contar com um ótimo trio com música ao vivo, sempre contando com “canjas” de alunos da Faculdade de Música da UNICAMP. O autor é membro da Academia Campinense de Letras, professor-emérito da Unicamp e cidadão-honorário de Campinas, onde recebeu a medalha Carlos Gomes de contribuição à cultura.
O livro intitulado “Conversas para quem gosta de ensinar” do autor Rubem Alves contextualiza de forma lucidativa a profissão professor, abordando questões referentes à crise do sistema educacional. O autor coloca de forma parafraseada como o educador pode transformar-se diante dos obstáculos encontrados.
Com uma linguagem acessível ao leitor o autor aborda a relevância de o professor descobrir sua vocação, permitir se encontrar em seu interior para então medir sua desenvoltura profissional frente a uma profissão com articulações duvidosas e repletas de lacunas por parte do Governo que o gerencia.
Alves, ilustra as observações tecidas sobre a importância do professor em sua obra onde elucida:”...necessitamos de um ato mágico de exorcismo. Nas histórias de fada é um ato de amor que acorda a Bela Adormecida de seu sono letárgico, ou o príncipe transformado em sapo. A questão não é gerenciar o educador. É necessário acordá-lo. E, para acordá-lo, uma experiência de amor é necessária”.
Ressalta-se assim que a auto-estima e eficácia do educador estão interligadas, pois emite ao espírito uma mensagem de confiança em nível muito profundo. Trata-se da confiança absoluta nos processos pelos quais o indivíduo raciocina, compreende, aprende, colhe, decide e orienta as suas ações. Dois elementos muito importantes impulsionam o indivíduo para enfrentar os desafios que se apresentam no decorrer da vida e ser merecedor da felicidade: a sensação de eficiência que é a auto-eficácia e o respeito de si mesmo, que é o auto-respeito. Na auto-eficiência, o consciente intelectual tem a certeza da capacidade de pensar e de aprender, desde que esta capacidade seja reconhecida. No auto-respeito, a inteligência emocional percebe que o êxito, o sucesso, a realização e a felicidade fazem parte de cada pessoa. A importância dessa autoconfiança para a sobrevivência é óbvia tanto quanto o perigo quando falta essa confiança.
Nesse contexto o autor coloca que a auto-estima facilita e conduz o caminho para a auto-realização. Se os alunos têm a sua frente um problema difícil que lhes impõe um certo grau de confiança, há chance de perseverarem obtendo mais êxitos que fracassos. Mas, se ao enfrentarem um problema, houver o domínio de uma sensação de insegurança a respeito de sua capacidade mental, é provável que desistam ou relaxem chegando ao fracasso, porque dando menos de si, há possibilidades de fracassarem.
Alves explana que não se trata de formar o educador, como se ele não existisse. Como se houvesse escolas capazes de gerá-lo, ou programas que pudessem trazê-lo à luz. Eucaliptos não se transformarão em jequitibás, a menos que em cada eucalipto haja um jequitibá adormecido. O que está em jogo não é lima técnica, um currículo, uma graduação ou pós-graduação. Nenhuma instituição gera aqueles que tocarão as trombetas para que seus muros caiam.
Aborda ainda que o acordar mágico do educador tem então de passar por um ato de regeneração do discurso pedagógico, o que sem dúvida exige fé e coragem: coragem para dizer em aberto os sonhos que os fazem tremer. A formação do educador? Antes de qualquer coisa: é necessário reaprender a falar. Isto é de crucial importância para o educador, e desta crença depende o seu sono e o seu acordar. Porque, com que instrumentos trabalham o educador? Com a palavra. O educador fala. Mesmo quando o seu trabalho inclui as mãos, como o mestre que ensina o aprendiz a moldar a argila, ou o cientista que ensina o estudante a manejar o microscópio, todos os seus gestos são acompanhados de palavras. São as palavras que orientam as mãos e os olhos.
Com base nas elucidações abordadas, na leitura advinda do texto: Conversas com quem gosta de ensinar” de Rubem Alves, chega-se a conclusão que, o profissional, qualquer que seja sua área de formação, precisa sair da Universidade com a compreensão lúcida da significação de sua existência, em função de sua pertença à espécie humana e das conseqüências dessa pertença, de sua inserção numa determinada sociedade histórica, com seus vínculos e peculiaridades e dos recursos do conhecimento humano na construção de todas essas referências. Em outras palavras, é preciso conhecer seu dom vocacional para determinada profissão e dessa forma aplicar o melhor de si e não permitir que nenhum obstáculo seja maior que seus objetivos, e antes de mais nada, sempre ter uma meta para ser alcançada. A profissão professor, exige mais do eu professor do que o sistema que o gerencia, então ser educador é uma dádiva vocacional e isso não se aprende em bancos universitários.

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